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2012 - Livro Vermelho 2013

Crassula peduncularis (Sm.) Meigen CR

Informações da avaliação de risco de extinção


Data: 12-11-2012

Criterio: B1ab(iii,iv)

Avaliador: Tainan Messina

Revisor: Tainan Messina

Analista(s) de Dados: CNCFlora

Analista(s) SIG:

Especialista(s):


Justificativa

A espécie tem distribuição restrita (EOO menor que 100 km²) e sua população severamente fragmentada por ocorrer em áreas de forte antropização. As áreas de ocorrência da espécie foram afetadas pela expansão imobiliária, pela transformação da vegetação em áreas de campos agrícolas e pastagem, e pelo declínio da qualidade do hábitat. A coleta mais recente data de 1965 e, portanto, recomendam-se estudos populacionais sobre a espécie.

Taxonomia atual

Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.

Nome válido: Crassula peduncularis (Sm.) Meigen;

Família: Crassulaceae

Sinônimos:

  • > Tillaea peduncularis ;

Mapa de ocorrência

- Ver metodologia

Informações sobre a espécie


Notas Taxonômicas

​Descrita em Bot. Jahrb. 17:239. 1893.

Distribuição

Ocorre no Paraguai, Argentina, Chile, Uruguai, Austrália e Nova Zelândia (Bywater; Wickens, 1984); no Brasil ocorre nos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Zappi, 2012); desde o nível do mar até 1500 m de altitude(Bywater; Wickens, 1984).

Ecologia

Caracteriza-se por ervas, eretas ou decumbentes, de até 55 mm de altura, terrícola (Bywater; Wickens, 1984).

Ameaças

1.1.3.2 Large-scale
Incidência national
Severidade very high
Detalhes Atualmente os três Estados da Região Sul do Brasil produzem 60% do arroz no Brasil.

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Severidade high
Detalhes A área total de Campos no Sul do Brasil era 18 milhões de ha, ao passo que em 1996 a área estava em 13,7 milhões de ha (i.e. 23,7% da área total dessa região), sendo 10,5 milhões ha no Rio Grande do Sul (área total: 28,2 milhões ha), 1,8 milhão ha em Santa Catarina (área total: 9,6 milhões ha) e 1,4 milhão ha no Paraná (área total: 20 milhões ha). Um decréscimo de 25% da área total dos campos naturais ocorreu nos últimos 30 anos devido a uma forte expansão das atividades agrícolas. Houve um aumento significativo na produção de milho, soja e trigo, o que se deu às custas dos campos naturais, além da produção de arroz.

1.5 Invasive alien species (directly impacting habitat)
Severidade very high
Detalhes O cultivo de árvores exóticas tem recebido muitos incentivos, tanto das indústrias privadas quanto do governo, para a produção de celulose principalmente. Particularmente nos campos do Planalto Sul-Brasileiro, áreas que antes eram utilizadas com a pecuária foram transformadas em plantações de Pinus sp. de grandes extensões, essas densas monoculturas não permitem o crescimento de plantas no sub-bosque, o que agrava significativamente os danos causados por esta atividade. Na Região Sul do Rio Grande do Sul também há a pressão exercida pelo plantio de Eucalyptus sp., também levando à perda de espécies campestres.

1.1.4 Livestock
Severidade high
Detalhes A intensificação dos sistemas de produção pecuária tem levado ao aumento na área de pastagens cultivadas. Apesar da alta produtividade e potencial forrageiro de muitas espécies nativas, elas não são exploradas comercialmente e as pastagens cultivadas são produzidas principalmente com espécies exóticas. Outra forte ameaça é o sobrepastejo, que possui conseqüências negativas para a cobertura do solo, facilitando a degradação em regiões com condições de solos vulneráveis, acelerando o processo de erosão. Apenas 453 km² dos Campos Sulinos estão protegidos em unidades de conservação (SNUC) de proteção integral, o que equivale a menos de 0,5% da área total desta formação vegetal. A maior parte deste percentual está nos mosaicos de Campos e floresta com Araucária, nos Parques Nacionais dos Aparados da Serra, da Serra Geral e de São Joaquim (norte do RS e SC) (Overbeck et al., 2009).

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes No Estado do Rio Grande do Sul, odesmatamento dos bosques naturais, especialmente da Floresta Estacional e daMata dos Pinheiros, é uma das conseqüências do modelo de desenvolvimento quesempre buscou novas fronteiras agrícolas e novas áreas para cultivo, promovendoo plantio até a borda dos cursos d'água, com perda de vegetação ciliar, eimplicando no uso de adubos químicos de alta solubilidade e na aplicação deherbicidas e pesticidas. A conseqüência imediata da retirada da coberturavegetal foi a maior fragmentação dos ecossistemas e o aumento do processoerosivo. A longo prazo, tal situação levou a sérios problemas associados, comoperda da capacidade produtiva das terras, redução nas colheitas, degradaçãofísica, química e biológica dos solos, aumento no custo de produção, assoreamentodos rios e reservatórios, redução na qualidade e disponibilidade da água,aumento no custo de tratamento e danos à vida aquática. O domínio da MataAtlântica ocupava, originalmente, cerca de 13 milhões de hectares (50% dasuperfície do Estado), tendo atualmente remanescentes de mata e restinga queatingem apenas 600.000 hectares, aproximadamente, 5% da cobertura original.Outra conseqüência direta do desmatamento abusivo tem sido o desaparecimentogradativo de espécies vegetais de valor econômico e ecológico, das quais sedestacam o pinheiro brasileiro, (Araucaria angustifolia), as canelas (Nectandraspp.), os angicos (Parapiptadenia rigida), os cedros (Cedrelafissilis), as grápias (Apuleia leiocarpa), as imbuias (Ocoteaporosa), etc. O ecossistema campos, em área limítrofe com a Argentina e como Uruguai, vem sofrendo forte descaracterização em função da utilizaçãointensiva para atividades agropecuárias e com o incremento do uso de espéciesvegetais exóticas para melhorar as pastagens naturais. Este processo destróias características naturais do ecossistema campo, colocando-as em risco decompleta eliminação, apesar de sua importância ecológica. Cabe ressaltar anecessidade de serem adotadas soluções conjuntas, pois alguns desses locaisformam corredores ecológicos. Nas áreas de restinga, junto ao Litoral do Estado do RS, há situações bastante distintas em função de influênciasantrópicas e relativamente ao seu estado de conservação, no que se refere aosaspectos da biodiversidade. O Litoral-Norte, que tem estreita relação com osremanescentes da Mata Atlântica, teve forte perda de suas característicasnaturais, motivadas por urbanização, além de outros fatores antrópicos de menorintensidade. No Litoral Médio e no Litoral Sul, há uma ocupação principalmentecom agricultura extensiva e cultivos de florestamentos com espécies exóticas(principalmente Pinus spp.), embora nesses locais situem-se os doisprincipais redutos de importância global do Estado: Parque Nacional da Lagoa doPeixe (sítio Ramsar, situado no Litoral Médio) e Estação Ecológica do Taim (noLitoral Sul). A Estação faz parte da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica e doSistema Lagunar da Lagoa Mirim, na fronteira com a República do Uruguai,situada junto à Reserva da Biosfera de Bañados del Este. Nas duas áreas,além da introdução de espécies exóticas, ocorre intensivo uso das áreas deentorno para cultivo de arroz irrigado. Aqui se salienta uma ameaça que vem seincrementando mais recentemente: a utilização de áreas para aqüicultura, com peixes/crustáceosexóticos, colocando-se em risco a rica diversidade biológica nativa regional(e, nesse caso, internacional) (Margareth et al., 2005).

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes O ecossistema Restinga está seriamenteameaçado ao longo de toda a costa brasileira, devido à forte pressão antrópicacausada pela pecuária, agricultura, desenvolvimento urbano, e turismo. Apenaspoucas áreas deste ecossistema estão protegidos (precariamente), e açõesurgentes são necessárias a fim de assegurar a conservação desse importanteecossistema (Delprete, 2000).

Ações de conservação

1.2.1.3 Sub-national level
Situação: on going
Observações: Espécie considerada "Em Perigo" (EN) pela Lista vermelha da flora do Rio Grande do Sul (CONSEMA-RS, 2002).

Referências

- CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE, RIO GRANDE DO SUL. Decreto estadual CONSEMA n. 42.099 de 31 de dezembro de 2002. Declara as espécies da flora nativa ameaçadas de extinção no estado do Rio Grande do Sul e da outras providências, Palácio Piratini, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 31 dez. 2002, 2002.

- ZAPPI, D. Crassula peduncularis in Crassula (Crassulaceae) in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Disponivel em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB102469>.

- BOLDRINI, I.L. A flora dos campos do Rio Grande do Sul. In: PILLAR, V.P.; MÜLLER, S.C.; CASTILHOS, Z.M.S.; JACQUES, A.V.A. Campos Sulinos: conservação e uso sustentável da biodiversidade. p.63-77, 2009.

- BYWATER, M.; WICKENS, G.E. New World Species of the Genus Crassula., Kew Bulletin, v.39, p.699-728, 1984.

- SOBRAL, M. Crassulaceae. In: STEHMANN, J.R.; FORZZA, R.C.; SALINO, A. ET AL. Plantas da Floresta Atlântica. p.228, 2009.

- MARGARETH,V; COLLE, C.; CHOMENKO, L. ET AL. Projeto Conservação da Biodiversidade como fator de contribuição ao desenvolvimento do Estado do Rio Grande do Sul - Diagnóstico das Áreas Prioritárias., 2005.

- OVERBECK, G.E.; MÜLLER, S.C.; FIDELIS, A. ET AL. Os Campos Sulinos: um bioma negligenciado. In: PILLAR, V.P.; MÜLLER, S.C.; CASTILHOS, Z.M.S.; JACQUES, A.V.A. Campos Sulinos: conservação e uso sustentável da biodiversidade. p.26-41, 2009.

- DELPRETE, P.G. Melanopsidium Colla (Rubiaceae, Gardenieae): a monospecific Brazilian genus with a complex nomenclatural history., Brittonia, v.52, p.325-336, 2000.

Como citar

CNCFlora. Crassula peduncularis in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Crassula peduncularis>. Acesso em .


Última edição por CNCFlora em 12/11/2012 - 13:14:36